quinta-feira, 6 de novembro de 2014

BREVE HISTÓRIA DA LITERATURA ERÓTICA BRASILEIRA
   Já citei Gregório de Matos Guerra, nosso "Boca do Inferno" da Bahia, durante o Arcadismo.
Do período Parnasiano temos os poetas Francisco Antônio de Orvalho Júnior com o poema "Parisina" e Teófilo Dias.
   Marcando a escola Realista/Naturalista, um livro polêmico que marcou época foi "A Carne" (1888) de Júlio Ribeiro. O livro aborda temas como o divórcio, amor livre e o novo papel da mulher na sociedade, algo que até então era ignorado na Literatura. O que mais chocou a sociedade considerada hipócrita na época foi pelo livro abordar temas como o desejo sexual, perversões, nudez e sexo.
   O nosso Machado de Assis tem dois contos considerados eróticos pela maneira como ele brilhantemente narra com sutileza o desejo: "Uns Braços" e "Missa do Galo".
   Em "O Cortiço"(1890) de Aluísio de Azevedo temos uma cena de relação de sexual entre mulheres: Pombinha e  a prostitua Léonie.
   Nélson Rodrigues considerado obsceno e imoral em suas peças, tem um romance erótico: "Asfalto Selvagem: Engraçadinha, seus pecados e seus amores" (1959).
   Raduan Nassar escreveu "Um copo de cólera" (1970), livro escrito com maestria e levado às telas do cinema sob o mesmo título, com a brilhante interpretação de Júlia Lemmertz.
" Você sabia que Carlos Drummond de Andrade escreveu poemas pra lá de ousados? Pois bem, o mineiro guardou seus poemas mais eróticos para publicação póstuma, o que deu origem ao livro O amor natural. A obra é uma coletânea de poemas eróticos, que são dotados de uma visão inquietante, uma face nova, mais despojada e extremamente fascinante do poeta. Os poemas são repletos de vida e sensualidade. O autor desbrava o corpo enquanto busca, na fluidez e sensualidade da linguagem, a nudez da própria alma.
   O fato de O amor natural não ter sido publicado em vida por Drummond demonstra um anseio diante de seu tempo. O poeta tinha plena consciência dos limites entre o erotismo e a pornografia. Optou, portanto, por uma não confusão entre um e outro em seus poemas. Possivelmente por considerar um tanto vulgar o tratamento do sexo como pornografia. É evidente, inclusive, que o amor e a sexualidade são, para ele, como algo único, que não estão desassociados. Desde o título, a obra joga com o conceito de natureza no que diz respeito ao amor. O poeta trata o sexo enquanto manifestação do amor, o sexo como algo natural do ser humano. Os poemas que constituem O amor natural apresentam o sexo como forma de atingir a plenitude da existência pela busca do prazer.  A linguagem drummondiana poetiza o ato sexual, mas ao utilizar termos como “vagina”, “pênis” e “bunda”, não o camufla." (Estela Santos)
   Dalton Trevisan ("O Grande Deflorador" e "Contos Eróticos") e Rubem Fonseca ("O Caso Morel) são considerados escritores malditos e que falam bastante de sexo em suas obras, quase sempre associado à violência e práticas sadomasoquistas.
   Outra escritora "maldita" que levou anos para ser reconhecida é Márcia Denser. Organizou as antologias de contos eróticos femininos Muito Prazer (1982) e O Prazer é Todo Meu (1984) e escreveu o romance "Toda prosa".
    Sucesso no livro e no teatro foi a obra "A casa dos Budas Ditosos" de João Ubaldo Ribeiro, da série "Pecados Capitais: Luxúria":  que narra a vida de uma ex-prostituta. Não posso deixar de fora outra ex-prostituta: Bruna Surfistinha e seu  "Veneno do Escorpião", que sabemos ter sido escrito por um "ghost writer" e depois levado à telas com Débora Secco.
   O jornalista Xico Sá escreveu o seu "Catecismo de devoções, intimidades e pornografia", onde exalta a figura feminina com lirismo e sacanagem.
  Encerro aqui recomendando "Pornopopéia" (2009) de Reinaldo Moraes e não deixando de citar um novo renascimento da história da literatura erótica que se deu através de "50 tons de cinza" de E.L. James que fez muito sucesso, principalmente entre as mulheres, e que despertou a curiosidade para a literatura erótica que existe desde que o mundo é mundo. Boa Viagem, Ana dos Santos.
                        
  

terça-feira, 4 de novembro de 2014

BREVE HISTÓRIA DA LITERATURA ERÓTICA
SÉCULO XX
Manual de Civilidade destinado às Meninas para uso nas escolas - Pierre Louÿs
Trois Filles de Leur Mére (1926) - Pierre Louÿs
O Amante de Lady Chatterly (1928) - D.H. Lawrence - Impresso confidencialmente em Florença, não foi impresso no Reino Unido até 1960. Lawrence acabou considerando enternecer seu livro, e fez alterações significativas  no manuscrito original a fim de fazê-lo palatável aos leitores. Foi publicado em três versões diferentes. A publicação do livro causou um escândalo devido a suas cenas explícitas de sexo, palavras obscenas e talvez particularmente porque os amantes eram um homem da classe trabalhadora e uma mulher burguesa.
História do Olho (1928) - Georges Bataille
Trópico de Câncer (1934) - Henry Miller - Tanto em 1928 quanto em 1929, passou diversos meses em Paris com sua segunda esposa, June Edith Smith (June Miller)). Se mudou sozinho para Paris no ano seguinte, onde morou até a eclosão da Segunda Guerra Mundial. Ele viveu em condições precárias, dependendo da benevolência de amigos, tais como Anaïs Nin, que tornou-se sua amante e financiou a primeira impressão do Trópico de Câncer. O livro sofreu dificuldades de distribuição, sendo banido em alguns países sob a acusação de pornografia.  A maior parte de sua obra gira em torno de sua segunda esposa June Mansfield. Em especial a trilogia Crucificação Encarnada:
Sexus, Plexus, Nexus: Sexus [Crucificação Encarnada vol. 1 // Livro Primeiro da Rosa-Crucificação (Portugal)], 1949. Plexus [Crucificação Encarnada vol. 2 // Livro Segundo da Rosa-Crucificação (Portugal)], 1953. Nexus [Crucificação Encarnada vol. 3 // Livro Terceiro da Rosa-Crucificação (Portugal)], 1960.
    Uma de suas amantes foi a escritora Anaïs Nin. Há um filme ficcional sobre o período da vida em que eles se conheceram,Henry e June, baseado nos diários de Anaïs.
A história de O (1954) - Pauline Réage/Anne Desclos
Lolita (1955) - Vladimir Nabokov
Ada ou Ardor (1969) -  Vladimir Nabokov
Mulheres (1978) - Charles Bukowski
Delta de Vênus (1978) - Anaïs Nin - Prostitutas que satisfazem os mais estranhos desejos de seus clientes. Mulheres que se aventuram com desconhecidos para descobrir sua própria sexualidade. Triângulos amorosos e orgias. Modelos e artistas que se envolvem num misto de culto ao sexo e à beleza. Aristocratas excêntricos e homens que enlouquecem as mulheres.
Pequenos Pássaros (1979) - Anaïs Nin - Foi discípula das descobertas psicanalíticas e precursora do feminismo e da revolução sexual. As relações sexuais e amorosas são o fio condutor de todo seu trabalho.
The Bicycle Rider (1985) - Guy Davenport
Elogio da Madastra (1988) - Mário Vargas Llosa

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

BREVE HISTÓRIA DA LITERATURA ERÓTICA
ERA VITORIANA
   No período vitoriano, a qualidade da ficção erótica estava muito abaixo da qualidade do século passado. No entanto, alguns romances contém modelos extraídos de obras de mestres literários, tais como Dickens. Tais romances incluíam também uma curiosa forma de estratificação social. Mesmo em vias de orgasmo, as distinções entre mestre e servo (incluindo as formas de abordagem), são escrupulosamente respeitados. Elementos significativos de "sado-masoquismo" estão presentes em alguns exemplos. Essas obras foram muitas vezes escritas de forma anônima, e não foram datadas (em grande parte). Incluem aqui clássicos do gênero, tais como:
The Lustful Turk (1828) - obra anônima
The Way of a Man with a Maid - obra anônima
Beatrice _ obra anônima
Thérese Ranquim (1840) - Émile Zola
As façanhas de um jovem Don Juan - Guillaume Apollinaire
Madame Bovary (1857) - Gustave Flaubert
Anti-Justine (1863) - Restif de la Bretonne
O novo Epicuro: as delícias do sexo (1865) - Edward Sellon
   Em 1870 a novela erótica "Vênus Castigadora"( ou Vênus das Peles) do escritor austríaco Leopold von Sacher-Masoch, trouxe repercussão mundial para o fenômeno da submissão e do masoquismo, que foi denominado em referência ao autor.
The Romance of Lust (1873) - obra anônima
The Pearl (1879) - uma coleção de contos eróticos, rimas, músicas e paródias, em forma de revista publicada em Londres até  1880.
Minha Vida Secreta (1880) - Walter Anônimo
The Autobiography of a Flea (1887) Stanislas de Rhodes
Teleny ou o Reverso da Medalha (1893) - Oscar Wilde
Flossie, a Vênus de Quinze Anos (1897) - Swinburne