sexta-feira, 22 de março de 2013

...ninguém me chama de Baudelaire...

EMBRIAGA-TE

   Deve-se estar sempre bêbado. Está tudo aí: é a única questão.. A fim de não se sentir o fardo horrível do tempo, que parte tuas espáduas e te dobra sobre a tua terra, é preciso te embriagares sem trégua.
   Mas de quê? De vinho, de poesia, ou de virtude a teu gosto, Mas embriaga-te.
   E se alguma vez sobre os degraus de um palácio, sobre a verde relva de uma vala, na sombria solidão do teu quarto, tu acordas com a embriaguez já minorada ou finda, peça ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo aquilo que gira, a tudo aquilo que voa, a tudo aquilo que canta, a tudo aquilo que fala, a tudo aquilo que geme, pergunte que horas são. E o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio te responderão:
  "É hora de se embriagar! Para não ser como os escravos martirizados do tempo, embriaga-te; embriaga-te sem cessar. De vinho, de poesia ou de virtude, a teu gosto.
( traduçao de José Lino Grünewald, 1991)