MARQUÊS DE SADE E O SADISMO
As comemorações na França do bicentenário da morte do escritor francês
Marquês de Sade, neste ano, são marcadas pela reabilitação desse
polêmico autor do século 18, que foi censurado no país até 1957 por
motivo de "ultraje à moralidade pública e à religião".
O tema "sado-masoquismo" foi explorado por ele em obras como "Justine".
Chamado durante muito tempo de "monstro", sua obra era considerada "maldita" e "pornográfica".
Seus textos foram rejeitados em razão do forte erotismo associado a atos
de violência e crueldade, com torturas, estupros, assassinatos e
incestos.
O trabalho do Marquês de Sade foi muito influente no erotismo e os atos sexuais que ele descreve em sua ficção foram posteriormente associados ao seu nome.
Os Cento e Vinte Dias de Sodoma - ou A escola da libertinagem é a sua obra mais famosa, escrita na prisão da Bastilha em 1785, pouco antes da Revolução Francesa.
Para
impedir que a obra fosse apreendida, Sade recopiou o texto com uma
letra minúscula e colou as folhas para formar um fino rolo de papel, que
tinha 12 metros de comprimento. O texto só foi encontrada em 1904
e qualificado pelos opositores como "um longo catálogo de perversões". A
obra inspirou o filme "Saló ou os 120 dias de Sodoma", do cineasta
italiano Pier Paolo Pasolini.
CLANDESTINIDADE
No século 19, seus textos circulavam clandestinamente, "por baixo dos
casacos", diz o historiador Gonzague Saint Bris, autor da biografia Marquês de Sade – O Anjo das Sombras (em tradução livre), publicada recentemente para celebrar o bicentenário da morte de Sade.
"Victor
Hugo, Gustave Flaubert, Honoré de Balzac, que se inspirou em Sade para
escrever A Menina dos Olhos de Ouro, todos liam Sade", afirma Saint
Bris. Influenciou de forma decisiva autores como Guillaime Apollinaire, Georges Bataille e André Breton.
O marquês Donatien Alphonse François de Sade, nascido em 1740, em Paris,
foi preso inúmeras vezes acusado de agressões sexuais e imoralidade e
faleceu em dezembro de 1814 em um asilo de loucos, onde passou os
últimos 13 anos de sua vida.
O marquês foi preso sob todos os regimes políticos da época em que viveu
(monarquia, república, consulado – na época de Napoleão Bonaparte – e
império). No total, ele ficou detido 27 de seus 74 anos. Era extremado individualista, ateu convicto
Também escreveu "A filosofia na Alcova", onde defendeu os ideais republicanos, pois era um humanista e defendia a abolição da pena de morte; "Contos Libertinos" e "Crimes do Amor".
"Não é pela crueldade que se realiza o erotismo de Sade, é pela literatura." - palavras de Simone de Beauvoir num belo ensaio dedicado ao marquês.
fontes: Wikipedia, Daniela Fernandes, Marília Pacheco Fiorillo e Eliane Robert Moraes
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